“A exibição prévia na Europa funcionou como um teste, que me incentivou a torn?lo realidade”, diz o coreógrafo. O resultado dessa construção ser?visto primeiramente pelo público da capital mineira, onde a companhia est?sediada. Espera, conceitualmente, tem a ver com o lado angustiante, porém construtivo, do compasso de tempo que d?nome ao espetáculo.
“Nossa espera ?tensa, de grandes batalhas, de grande resistência. Não ?complacente ou resiliente. ?uma espera de luta, o momento em que tomamos fôlego para grandes batalhas. Isso est?na própria história da nossa companhia, h?25 anos na batalha, resistindo. ?algo que não deixa de ser político, sobretudo atualmente. Esperamos melhorias e mudanças diante desse quadro altamente tóxico que temos hoje, mas elas não vêm. Esperamos com paciência, mas paciência tem limite”, argumenta Mario Nascimento, que se diz “ansioso” também em suas esperas particulares.
Com assistência de direção de Rosa Antuña e trilha sonora de Fábio Cardia, parceiros de longa data do grupo, Nascimento adianta que os movimentos, apresentados por seis bailarinos (Eliatrice Gischewiski, Jorge Ferreira, Ludmila Ferrara e Mariana Chalfun, além de Rosa Antuña e ele próprio), comprovam a ideia central do espetáculo. “Ele ?tenso, angustiante. Muito rápido, cheio de simbolismos, muitas provocações. O que coloco ? não aguentamos mais”, afirma o diretor, dizendo se tratar “mais de desespero do que de espera”.
Mario Nascimento revela sua forte identificação com o enredo. “Meu trabalho ?tenso, tenho muito isso da urgência. Vivi a minha vida no lugar do desespero, da beira do abismo, mesmo quando não estava. ?esta ?a minha grande fonte de criação.” Atualmente, ele ?diretor-artístico do Corpo de Dança do Amazonas, dividindo seu tempo entre Manaus e Minas.
REFLEXÃO
Apesar do momento de encontro com o público da cidade onde a companhia construiu sua premiada história, Mario Nascimento aponta incertezas e esperas também fora do palco. “Vamos dar uma pausa, ou melhor, ?o momento de a companhia passar por um momento de reflexão, dadas todas as questões que atravessamos hoje, de total falta de recursos e apoio para a arte no Brasil. ?um momento de batalha que precisamos entender melhor”, comenta. “Mas BH ?um lugar onde me sinto sempre ?vontade, cidade que sempre me acolheu, além de ser um lugar de resistência e avanços”, conclui.
ESPERA
Com Cia. Mario Nascimento. De sexta a segunda-feira, às 19h. Temporada at?30 de março. Teatro 2 do CCBB.
Praça da Liberdade, 450, Funcionários. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$15 (meia-entrada), ?venda no site Eventim e na bilheteria da casa. Informações:
(31) 3431-9400.